Quando você entra em um relacionamento, é impossível não mudar. Qualquer tipo de relacionamento. Um novo emprego, uma amizade, um namoro, um casamento. A partir do momento em que passa a interagir com outras pessoas, iguais ou diferentes de você, não tem jeito: você muda.
Muda sem perceber, muda sem se dar conta. Pior: muda achando que não mudou.
Não é ruim mudar. Pelo contrário. Passar uma vida inteira sendo a mesma pessoa é algo, no mínimo, muito chato. Sem mudar, você se torna previsível até na imprevisibilidade. Suas palavras perdem o ineditismo e tornam-se apenas eco de algo que um dia você já falou. Mais do que chato, você se torna plano, raso, sem contradições. Você vira um fundamentalista de você mesmo, sendo, concomitantemente, padre e fiel de uma única religião.
Deixa ela te mudar. Deixa ela te moldar. Sem se preocupar com o que os outros vão dizer. Sem se preocupar com esse pronome “ela” colocado de forma incorreta na função de objeto direto. Deixa. Deixa pra lá, pra cá, pra qualquer lugar. Porque ela também vai mudar. Se vai mudar mais ou menos, se pra pior ou pra melhor, tanto faz. Deixa.
É impossível lutar. Quer dizer, lutar você até pode. Vencer é que será difícil. Até porque, o próprio ato de lutar contra uma mudança é em si uma mudança, sobretudo para quem não estava acostumado a lutar. Ou a mudar. E pode esperar: um dia você muda.
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